segunda-feira, setembro 5

Força nisso!







Estamos contigo miúda! ;)

domingo, maio 1

1 de Maio

Tento encontrar um tema para este tópico e não me ocorre nada. Queria um tema especifico, directo, algo que começasse, se desenvolvesse e acabasse. Não consigo.
E no entanto, por debaixo da camada de preguiça parasita que me cobre sinto ainda alguma vontade de escrever. De martelar as teclas ininterruptamente, decididamente, ideias, pensamentos, frases, seguem-se umas ás outras num discurso que de paragrafo a paragrafo tem que ser relido para que não se perca de significado.
Tenho coisas que tenho que escrever mas não tenho coragens de as começar... antes não era tanto assim. Trocámos as cartas pelos sms, as cartas pelos e-mails, mas continuámos sempre a escrever. Trocámos a fala pelo messenger e continuámos a escrever!
Mas eu sinto que deixei de escrever como escrevia. A escrita do dia-a-dia é uma escrita falada, uma escrita a lápis, em cima do joelho.
Tenho saudades de quando escrevia só porque sim... porque achava engraçado, porque achava que tinha alguma histótia interessante para contar.

Hoje é dia da Mãe e dia do Trabalhador. A minha recebeu flores... o habitual.
Este é um daquels dias que me faz pensar no já tão badalado consumismo social.
Porquê?
Acho piada que os putos na ecsola possam passar uma semana entusiasmados com a ideia de fazerem uma prenda para a mamã. Acho engraçado que se entretenham nessa tarefa, com as pequenas mãozinhas a pintar, a colar, a partir as valiosas prendas que vão depois embrulhar ("Cuidado! ohh não!! Não chores, toma outro para a tua mamã")
Acho engraçado que as mãe os vão buscar á escola e que finjam não ver o embrulho que o filho leva desajeitadamente nas mãos atrás das costas e que quase cai quando tenta entrar no carro só com as pernas.
Fora isso, acho forçado.
Um beijo, uma flor colhida de socapa no jardim, um bilhete, um almoço, o que quer que seja, porque se quis, porque houve essa lembrança, porque sim.
Não porque é dia 1 de Maio, dia da Mãe!

Dia do Trabalhador.
Da infancia veêm-me as memórias das manifs das unidades sindicais. Fui a algumas em pequena e na altura achava engraçado. ("CGTP unidade Siondical") O melhor mesmo era o gelado que se comia no café depois disso e o voltar a casa no fim de um dia que não se entendia mas que era, para o bem ou para o mal, ligeiramente diferente.

1 de Maio. Domingo. Estive em casa. Tentei trabalhar. Apeteceu-me estar noutro local, a fazer outras coisas, a fazer um pouco de tudo e de nada. Passou, amanha é Segunda, 2 de Maio.

Ainda me apetece escrever...


Quem dá o que tem...

A minha casa tem várias portas, cada uma delas tem uma maçaneta. Essas maçanetas viram para os dois lados, esquerdo e direito, mas nunca para cima e para baixo. Para além das maçanetas, têm um buraco de fechadura onde, raramente, entram chaves. Existem diversos tipos de chaves. Para cada tipo, existe um modelo de fechadura. Curioso não? Curioso é o gato da vizinha que anda sempre em cima do canteiro a escarafunchar na terra e a tirar as flores do sítio. Se ele não tem cuidado, qualquer dia fode-se. Pior é quando decide fazer uma sesta em cima dos carros. Mais uma vez, se ele não tem cuidado, fode-se. É por isso que os donos costumam capar os gatos. É pra eles não andarem sempre a tentar foder-se. Os gatos que vivem mais não têm bolas. As bolas usam-se para jogar diversos desportos. Futebol, ténis, basebol, basquete, ping-pong, andebol, etc. Atenção. Não é com as bolas dos gatos que se jogam estes desportos. A minha televisão tem um botão. Esse botão serve para ligar e desligar a mesma. Podes ligar a televisão quando ela está desligada e podes desligar a televisão quando ela está ligada. Nunca podes ligar a televisão quando ela já está ligada, nem desligá-la quando já está desligada. É um botão que exerce duas funções. Ligar e desligar a televisão. O meu computador também tem um botão para ligar e desligar. Mas isso fica para outro dia. Gosto de ler livros do Tio Patinhas. Ele é rico, e avarento mas sempre divertido. Já o Patacôncio é um cabrão de primeira. O Donald é estúpido como uma porta. Como uma porta das que eu tenho cá em casa. Com uma maçaneta que vira para os dois lados, esquerdo e direito, mas nunca para cima e para baixo. Claro que também tem uma fechadura. Mas isso já são pormenores a mais. A sopa está pronta, mas ainda não tenho fome. O mundo é redondo, como a bola de um gato. O mundo não é a bola de um gato. Bola. Mundo. Gato. Voltando ao Tio Patinhas. Gostava de mergulhar nas moedas como ele faz. Deve ser fresquinho. Os ouvidos servem para ouvir. Temos dois ouvidos. O esquerdo e o direito. O yin e o yang. A nascente que se transforma num rio. O rio que desagua no mar. O mar que faz parte do oceano. Os oceanos cobrem a maior parte da superfície do mundo. O mundo não é a bola de um gato. A bola de um gato não tem oceanos. Á noite não há luz. O Gastão sempre foi um sortudo. É preciso sorte pra ter sorte. É um círculo vicioso. Se tivermos sorte, somos sortudos. Se tivermos azar, somos azarados. Se não tivermos nenhum dos dois, estamos mortos. Quando morrermos vamos deixar de nos mexer. Os dedos das mãos vai ficar imóveis. Quem diz das mãos, diz dos pés. Os ratos são deveras nojentos. As ratazanas ainda são mais. Têm o rabo comprido demais. E têm sempre um ar muito sujo. Ao escrever faço barulho com as teclas. Não oiço porque estou a ouvir música. Com os meus ouvidos está claro. Existem vários tipos de música. De que tipo de música é que o Tio Patinhas gostará? Já me lembro. Ele gosta do tilintar das moedas. A infância é quando somos crianças. Quando era criança era mais pequeno. Não anormalmente pequeno. Era normalmente pequeno. Como a maioria das crianças. Há palavras que são mesmo grandes. As palavras são formadas por letras. Com palavras formam-se frases. As letras são feitas de riscos com várias direcções. Com muitas frases temos um texto. Já li alguns textos. Não gostei de todos. Mas gostei de muitos. Muitos não são todos. Mas todos podem ser muitos. Ás vezes mordo a língua sem querer. Dói. Fica um gosto de sangue na boca. Sangue. Vermelho e denso. O meu computador tem um rato que não é nojento. O sangue pode ser nojento. Se for de outra pessoa é nojento. Faz impressão. Uma impressão má claro está. Está claro. Antigamente, todos os telemóveis tinham uma luz que piscava. Pisca pisca. É um pouco parecido com ping pong. Ping pong. Pisca pisca. Um é com uma bola, outro é com uma luz. Não é a mesma coisa. Todas as casas têm um telhado. Selva. Bemvindo á selva. As palmeiras dão cocos. As bananeiras dão bananas. Não sei tocar bateria. Não deve ser muito difícil. É só bater. Bater aqui. bater ali, bater acolá. Já o piano não. O piano toca-se. Toca-se aqui, toca-se ali, toca-se acolá. A chuva molha. A chuva é água, logo, molha. A chuva vem das nuvens sobrecarregadas de condensação. Agora não está a chover. Acho eu. A janela está fechada. Para abrir a minha janela, tenho de deslizá-la para a esquerda, ou direita. Depende do lado que eu quero abrir. Mesmo abrindo a janela, não ia conseguir ver se está a chover ou não. Tenho o estore fechado. Para abrir o estore é preciso puxar aquela fita que está do lado direito. Para abrir, puxa-se para baixo. Para fechar, deixa-se correr a fita para cima. O esferovite é um material engraçado. Para além de ser branco, é composto por inúmeras bolas. Bolas pequenas e brancas. O esferovite não é composto por bolas de gato. Se apanharmos chuva, ficamos encharcados. Nada melhor para nos secarmos do que uma lareira. Sigam-me. Uma pedra nos rins é inconveniente. Já não uso mochila à muito tempo. Já não tenho muitas coisas para carregar no seu interior. A relva é verde. O musgo também. São rápidas, velozes e baixas. Mas não anormalmente baixas. Normalmente. Uma tempestade num copo de água. Não é possível. O Dumbo sempre teve orelhas grandes. E tromba também. Há muitas plantas verdes. É carnaval e eu vou no primeiro carro do corso. As máscaras mascaram. Com uma máscara, somos mascarados. Passamos a vida mascarados. O Zorro usava uma máscara. Mas só lhe tapava os olhos. Rabo. Chega. Não. Só mais um bocadinho. Um bocadinho é menos que um bocado. Um bocado são vários bocadinhos.
A mais não é obrigado.

Non-sense. Sem sentido.

Coincidências



Eu sei escrever.



Tu sabes ler.

quarta-feira, abril 27

Hoje apetece-me falar de tudo e de nada. Hoje apetece-me ouvir alguém falar. Não tanto quanto ás vezes me apetece, mas mesmo assim, ainda um bom bocado.
Que livros estão a ler, que filmes viram, que música nova ouviram. Gostaram? Não? sim? um pouco? porquê?
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Eu gosto de caril e sábado vou a uma festa de anos no Caldas. Vai ser bom. Espero!
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Ando cheia de trabalhos... Bons trabalhos! Mas mesmo assim tenho dificuldade em me concentrar neles... falta-me vontade... Porquê?? Não entendo e queria entender.
Esta seria sem dúvida a primeira coisa a mudar em mim, se me fosse dada essa oportunidade mágica, a falta de vontade...
Não entendo... é mau, muito mau mesmo e acho que não é só problema meu.
É o problema de toda uma geração. Isso assusta.
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Amanhã vou ter um workshop, uma RGA, uma reunião e uma conferência. Amanha ainda tenho que trabalhar. Muito. Isso também assusta, mas mais que isso cansa e faz perder a vontade...
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No sábado tenho uma festa no Caldas.

terça-feira, abril 12

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio
Houve alturas em que tive medo de acabar sozinho... E é estranho, porque eu até gosto de estar sozinho!
Tinha muitos medos, muitas coisas que queria fazer, muitos "objectivos". E eu nem sou uma pessoa de objectivos! sou mais do estilo "go with the flow"...

Hoje não estou sozinho. Já nem sei como é estar sozinho. E sabem que mais? Não quero voltar a saber.

De repente o resto deixou de ter importância.

"Meu deus! Será que vou ter sucesso na minha vida? Será que vou ter um emprego bem pago? Será que vou ter um bom carro e uma casa na praia?" Não sei... E sinceramente, não me interessa...

O que interessa, meus amigos, é isto: já não estou sozinho.

Se calhar nunca estive, mas a verdade é que muitas vezes me senti assim.
Agora já não sinto.
Que parvoíce...

Há certas "coisas" sem as quais já não consigo viver, sem as quais nada faz sentido, sem as quais a vida deixaria de ser vida.
Imaginar a vida sem ela, por um segundo que seja, é um castigo, uma tortura que temo não conseguir aguentar.
É impossivel viver sem "coração", ele é indispensável a cada micro segundo da minha vida. Ele é a minha vida. É ele que me faz levantar de manhã, é ele que me mantém agarrado a esta vida que todos julgam ser obrigatório viver. Pois é...

LOL, acho q não estou a fazer sentido nenhum... Mas bem vistas as coisas, quase nada faz sentido... A não ser uma coisa, tu e eu.


quinta-feira, fevereiro 24

Adão e Eva

Olhámo-nos um dia,
E cada um de nós sonhou que achara
O par que a alma e a cara lhe pedia.

- E cada um de nós sonhou que o achara...

(...)

E em que furor sagrado
Os nossos corpos nus e desejosos
Como serpentes brancas se enroscaram,
Tentando ser um só!

Ó beijos angustiados e raivosos
Que as nossas pobres bocas se atiraram
Sobre um leito de terra, cinza e pó!

Ó abraços que os braços apertaram,
Dedos que se misturaram!

Ó ânsia que sofreste, ó ânsia que sofri,
Sede que nada mata, ânsia sem fim!
- Tu de entrar em mim,
Eu de entrar em ti.

Assim toda te deste,
E assim todo me dei:

Sobre o teu longo corpo agonizante,
Meu inferno celeste,
Cem vezes morri, prostrado...
Cem vezes ressuscitei
Para uma dor mais vibrante
E um prazer mais torturado.

E enquanto as nossas bocas se esmagavam,
E as doces curvas do teu corpo se ajustavam
Às linhas fortes do meu,
Os nossos olhos muito perto, imensos,
No desespero desse abraço mudo,
Confessaram-se tudo!
... Enquanto nós pairávamos, suspensos
Entre a terra e o céu.

Assim as almas se entregaram,
Como os corpos se tinham entregado,
Assim duas metades se amoldaram
Ante as barbas, que tremeram,
Do velho Pai desprezado!

E assim ***** e ***** se conheceram:

Tu conheceste a força dos meus pulsos,
A miséria do meu ser,
Os recantos da minha humanidade,
A grandeza do meu amor cruel,
Os veios de oiro que o meu barro trouxe...

Eu, os teus nervos convulsos,
O teu poder,
A tua fragilidade
Os sinais da tua pele,
O gosto do teu sangue doce...

Depois...


(...)



Só o tempo dirá...





Poema de José Régio,
Adão e Eva,
Adaptado



quinta-feira, fevereiro 3

...

Não sei o que escrever...