Pois é meus amigos, já não se escreve aqui à tanto tempo... Então, este post é sobre uma menina chamada BETi que levou (e continuará a levar espero) os seus paizinhos ao topo do mundo. (xi, que exagero...) Podia ser uma história de prostituição mas não é, para pena de muita gente inclusivé a minha... Então, como último exercício do último ano de Faculdade (nunca a palavra último soube tão bem!) tinhamos que participar num concurso chamado Taxi Stand que ia ser lançado no âmbito de um tal Festival Internacional do Táxi que se vai realizar em Lisboa agora no fim do mês. Este Festival, por sua vez, insere-se na Semana Europeia da Mobilidade e tem o patrocínio/organização a cabo do Institut Pour La Ville En Mouvement (um instituto da alçada da Peugeot e da Citroen). Bom, o concurso não era aberto a toda a gente. Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, o Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, o Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Departamento de Engenharia de Madeiras do Instituto Politécnico de Viseu e a minha Faculdade eram as entidades convidadas. Ao todo eram cerca de 60 alunos (organizados em equipas de 2, 3 ou 4) que no total desenvolveram qualquer coisa entre os 20 e os 30 projectos. O concurso avançou, o nosso projecto (meu, da Rita e do Emanuel) foi-se desenvolvendo e na altura da apresentação ao júri tinhamos qualquer coisa como isto.
Conceito
Paragem universal constituída por 5 módulos que se articulam entre si, definindo um ponto/espaço de interface com o táxi.
Consoante o local onde se insere, existe uma multiplicidade de combinações de módulos e, consequentemente, das suas funções e interacções com o utilizador. A acrescentar a isto, pretende-se que os táxis sejam veículos movidos a energia eléctrica e devidamente adaptados ao conceito geral da paragem.
Solução:
Parte da criação de vários módulos, cada um com um conjunto de funções, que se interligam entre si criando um espaço único homogéneo e lógico.
Esta multiplicidade permite que, mediante a especificidade funcional do local, seja possível aplicar um determinado número/combinação de módulos que melhor sirvam as necessidades desse mesmo sítio.
Assim, em locais com menor espaço disponível ou necessidades mais reduzidas, não seria necessária a instalação de todos os módulos. Ex: Num local de menor afluência de público, poderia ser apenas instalado o módulo de interface com o utilizador (ver adiante) não saturando assim o pouco espaço livre que geralmente existe na malha urbana.
Uma das grandes vantagens desta característica modular da paragem é o facto de se tornar muito mais flexível e adaptável às condições do local em que é inserido. Adquire assim uma certa universalidade, podendo ser implementada em qualquer cidade do mundo.
Para além da modularidade e universalidade, outro conceito integrante desta ideia é a auto-sustentabilidade. Para um equipamento destes, podemos atingir esse objectivo através de superfícies para apliações publicitárias de cariz comercial ou institucional.
Para optimizar este recurso, todos os módulos são revestidos com tinta electrónica. Esta tinta permite, através de um sinal electrónico, mudar a sua aparência podendo exibir um cartaz de um evento, logotipos, o que o cliente desejar. Embora actualmente esta tecnologia só exista para aparelhos electrónicos a preto e branco, prevê-se que num futuro próximo possa ser aplicada a superfícies no exterior e seja a cores.
Os módulos que constituem o BETi são 5:
- Módulo Interface: permite ao utilizador ter acesso a uma série de informações acerca do seu percurso bastando para isso inserir o seu ponto de destino. Entre outras o tempo estimado e o custo da viagem. Tendo já tido acesso ao custo da viagem torna-se lógico que o utilizador possa efectuar um pré pagamento da viagem. Neste interface isso é possível. Para o utilizador a principal vantagem será o facto de assim ter uma garantia e tornar impossível burlas por parte de alguns profissionais menos “conscienciosos”. Para o profissional também existem vantagens, nomeadamente, o passar a lidar com menos dinheiro e tornar-se assim menos “apetecível” para futuros furtos.
De salientar que este módulo de interface pode funcionar sozinho. O conjunto completo dos módulos faz sentido para grandes interfaces de transportes ou espaços mais amplos. Nas ruas da cidade em que o espaço não é muito, pode ser implementado apenas o módulo de interface funcionando assim como ponto de ligação entre os tais grandes interfaces.
- Módulo de espera: onde os utentes podem esperar pelo seu táxi. Tem capacidade para duas pessoas sentadas e pode ser repetido para suprir as necessidades do local onde está inserido.
- Módulo Informativo: Onde os utilizadores da paragem têm acesso a uma série de informações, nomeadamente, quando o seu táxi vai sair. Este módulo poderá também transmitir conteúdos recreativos ou publicitários. Deve estar junto ao módulo de espera.
- Módulo de embarque: onde o utilizador passa da área da paragem para o próprio táxi. Tem como principal função a distinção entre aquele que é o espaço da paragem e o da via pública. Serve também como referência visual para o táxi.
- Módulo sanitário: equipado com sanita, urinol e lavatório. A sua inclusão na paragem apenas faz sentido em locais de grande afluência. Serve não só para os utentes, como para os taxistas.
De notar que estes módulos podem ser aplicados em conjunto e interligados (estão equipados com um sistema de imãns que os une), ou separados. Isto permite que num espaço mais limitado se possa integrar toda a paragem como um único elemento, e num espaço mais amplo se jogue com os vários módulos e espaços entre si criando um percurso mais flexível e criativo.
Anyway, o importante aqui é que o júri decidiu e ganhámos nós! clap clap clap!
Bela maneira de acabar o curso hein?
Bom, a primeira coisa que se pensa quando se ganha um concurso é: "O que é que eu ganhei?"
Para muita (muita mesmo) pena minha este concurso não tem prémio monetário... Apesar disso até nem nos podemos queixar porque vamos ter oportunidade de fazer uma coisa que muito poucas pessoas conseguem. Vamos fazer o protótipo à escala real! Só vamos fazer os módulos de interface e espera (por razões temporais e financeiras) mas mesmo assim vai ser interessante ver a ideia crescer do ecrã de computador para um bicho com 2,5m de altura. Naturalmente não vai ser feito nos materiais finais, mas sim em madeira (depois deve levar um tratamento para não se perceber isso). Vai estar exposto de 18 a 3 de Outubro no pátio interior do Picoas Plaza e no CIUL (que fica junto a esse mesmo pátio) vão se poder ver as maquetes de mais cinco finalistas e a da nossa paragem completa à escala 1:20. Aliás, enquanto estou a escrever isto, algures numa sala quente do Técnico está a nossa maquete BETi a ser produzida numa máquina de impressão 3D (daquelas coisas que só o Técnico é que tem dinheiro pra ter).
A aventura ainda não acabou, antes pelo contrário, algures no fim desta semana iremos para Viseu onde estaremos até ao fim da próxima semana a fim de fazer o tal protótipo à escala real. Depois, no dia 21 temos o privilégio de apresentar o projecto num colóquio (do Festival Internacional do Táxi) na Gulbenkian.
Claro que deixei a melhor parte para o fim. No meio disto tudo o que nos deu mais gozo, por todas as razões e mais alguma, foi ver a nossa BETi (com imagem e descrição) e os nossos nomes na Revista Cubo (Suplemento do Semanário Sol), Público, Jornal de Notícias, Auto Hoje, Auto Foco e Canal Up. Estes foram os que nós fomos descobrindo. É possível termos sido publicados noutros sitios sem termos sabido (se virem alguma coisa digam!). Entretanto, amanhã pelas 7h e pelas 10h irá passar um excerto da entrevista que a Antena 3 nos fez hoje.
E prontos, foi isto. Agora queremos um emprego bem pago sff.